03
Jan07
PÁGINA DA VIDA
Alegria
QUEM SOU EU? Episódio Nº. 9 Maio de 1966: - Começou então a minha vida militar: - Seis horas e trinta minutos, hora de saltar da cama e preparar para o novo dia; barba feita e todo o mais serviço de higiene concluido para darmos inicio a mais um dia de tropa; às sete vamos tomar o pequeno almoço; forma-se na parada para se dar os bons dias e ver se alguém ficou ou não na cama e daí vamos para o refeitório afim de revitalizar o nosso corpo; um pão com algo lá dentro e o respectivo copo de aluminio com o café que, mais parecia água de lavar as castanhas que outra coisa. Ás oito horas começa o trabalho; toda a gente para a parada e entrar na formatura afim de ser feita a chamada para constatar se algum ficou por aí a tentar esquivar-se ao assunto. É então apresentada a ordem de trabalhos para que cada um tenha algo que fazer: Tu aí, vais para o refeitório descascar batatas, tu aí vais varrer a parada, e tu ai ó 39 vais fazer limpeza à caserna; os outros vêm comigo, dizia o Alferes que comandava o pelotão, vamos para a instrução, agora vamos correr, depois vamos saltar e por aí andáva-mos até que ele entendesse que era necessário, depois dizia ele com aquela cara de safado que a tropa lhe implantara, vão mudar de roupa e daquí a dez minutos quero-os aqui na formatura; lá continuavamos nós na corrida do costume, da parada para a caserna e da caserna para a parada. Outros dias, outras lutas, e um dia quando ainda todos estavam arrumadinhos na formatura eis, que, o respectivo Alferes se lembrou de uma coisa engraçada; , sabem que ele às vezes tinha destas coisas: Quem é que sabe andar de bicicleta? Perguntou ele em voz alta; e logo a seguir disse com aquela voz descarada: dê dois passos em frente; e qual não foi o meu espanto só eu e mais três ficamos para trás, sim porque nós não sabiamos andar de bicicleta, uma vergonha digo-vos isto, mas enfim era a vida, eu não tinha bicicleta nem tão pouco tempo para andar nela e por iso não tinha que me envegonhar de não ter tais conhecimentos, mas o safado do Alferes com ar de desdém virou-se para nós os quatro e disse-nos: vocês saim daí e vão para a caserna e, os outros vêm comigo em passo de corrida que eu vou arranjar bicicletas para todos; e, qual não foi o nosso espanto ao vermos daí a poucos minutos todos os outros, não a andar de bicicleta mas sim a trazer cadeiras e mesas do edificio do Comando para a parada para serem carregadas numa camioneta que alí se encontrava; ora aprendí ali, naquele momento uma agradável lição que me deixou perplexo e pronto para futuros convites desse género. (CONTINUA)