Momento de Poesia
Uma Recordação
Lembra-me ver-te ainda infante,
Quando nos campos corrias
Em folguedos palpitantes;
Eras bela! e então sorrias.
Depois, na infância eras inda,
Junto ao cadáver rezavas
De tua mãe com dor infinda;
Eras bela! e então choravas.
Num baile vi-te valsando
Da juventude nos dias,
Todos de amor fascinando;
Eras bela! e então sorrias.
Dias depois encontrei-te
Nos céus os olhos fitavas;
Sem me veres comtemplei-te;
Eras bela! e então choravas.
Quando ao templo caminhando
Entre flores e alegrias,
De esposa a vida encetando,
Eras bela! e então sorrias.
Quando na campa do esposo
Com teu filho ajoelhavas,
Grupo inocente e saudoso!
Eras bela! e então choravas.
Num ataúde deitada
Eu te vi em breves dias,
Mimosa flor desfolhada!
Eras bela! e então sorrias.
Sorrindo, na vida entras-te,
Sorrindo deixas-te a vida;
Alguma flor que encontras-te
A espinhos a vis-te unida.
Sim, às vezes tu sorrias,
E os sorrisos o que são?
Quase sempre profecias
Das penas do coração.
Julio Diniz (1857)
Sabemos que a vida é bela
Sabemos que a vida é bela,
Mas c'uma seringadela
Sempre fica bem melhor,
E para que haja algo de novo,
E' preciso que o Zé- Povo
Seja o seu seringador
E assim sempre a seringar
E o cinto a apertar,
pouca é a longevidade,
Co trabalho a escassear
E' a crise a apertar
valha-nos a caridade
As promessas vão surgindo,
E o povinho vai sorrindo
Tentando acreditar
Ouvem-se os galos cantando,
Para quem os vai escutando
No poleiro os colocar
Falta o leite ,falta o pão
Nos bolsos do cidadão
So' o cotão permanece
Mas quando há futebol
O euro sempre aparece
Mas por respeito a quem manda
O Zé nem que ande de tanga
Vive a rir e dar ao pé
pois se há coisas menos belas
Contentam-se a ver as estrelas
dos fundos da C-E-E......