Momento de Poesia
A Vida III
Quando a vida se transforma
Num autentico inferno;
Deixa de brilhar o sol
E só há outono e inverno.
Não tem mais o perfume
Da encantadora primavera;
Não se sente mais o lume
De algo que se tivera.
Quando chega a trovoada
Insultando o nosso coração;
Deixando nossa alma molhada
A rolar ali pelo chão.
Vida sem ter um verão
Risonho e cheio de calor;
Vazia de grande paixão
Despida do lindo Amor.
Qual pétala caída do ramo
De rosas que te encantaram;
Com seu perfume ufano
E em espinhos se transformaram.
Vida de caminhos tortuosos
Com o escuro a espreitar;
Onde não há olhos carinhosos
Para ti sempre a olhar.
Vida assim para quê vive-la
Onde a felicidade jamais existe ;
Se não podemos agora tê-la
Estando o nosso coração triste?
Autor: João (Alegria) Rodrigues
Aquele Velhinho
Naquele banco de jardim
Com os olhos postos em mim
Está um velhinho sentado
Com ar triste e cansado
Sorriu e disse-me assim.
Contou-me ele que um dia
Teve muita saúde e alegria
Mas agora tudo isso lhe faltou
E a vida dele se mudou
Transformando-se em agonia.
Disse-me então com tristeza
Foi assim que a Natureza
Ditou o meu caminho
Vivo só e sem carinho
Sozinho sentado à mesa.
Não tenho por quem chamar
Nem à noite nem ao levantar
A família já não existe
Só este banco que é tão triste
Me ajuda a vida a passar.
Esta vida de abandono
Que me vai tirando o sono
Pensando na família que tive
E que para mim já não vive
E me lançou no abandono.
Vós que sendo simples mortais
Se ainda tendes vossos pais
Dai-lhes carinho e afeição;
Pois neste mundo de ilusão
Podeis passar por coisas tais.
Autor: João (Alegria) Rodrigues