01
Ago07
POESIA
Alegria
Uma RecordaçãoLembra-me ver-te ainda infante,Quando nos campos corriasEm folguedos palpitantes;Eras bela! e então sorrias.Depois, na infância eras inda,Junto ao cadáver rezavasDe tua mãe com dor infinda;Eras bela! e então choravas.Num baile vi-te valsandoDa juventude nos dias,Todos de amor fascinando;Eras bela! e então sorrias.Dias depois encontrei-teNos céus os olhos fitavas;Sem me veres comtemplei-te;Eras bela! e então choravas.Quando ao templo caminhandoEntre flores e alegrias,De esposa a vida encetando,Eras bela! e então sorrias.Quando na campa do esposoCom teu filho ajoelhavas,Grupo inocente e saudoso!Eras bela! e então choravas.Num ataúde deitadaEu te vi em breves dias,Mimosa flor desfolhada!Eras bela! e então sorrias.Sorrindo, na vida entras-te, Sorrindo deixas-te a vida;Alguma flor que encontras-teA espinhos a vis-te unida.Sim, às vezes tu sorrias,E os sorrisos o que são?Quase sempre profeciasDas penas do coração. Julio Diniz (1857)