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31
Jan07

POESIA

Alegria
                      AS MÁS COMPANHIAS
 
-Porque é que aquele grosso bago de uva, ainda há pouco são, está sentido?
- É porque, estando exposto ao vento, à chuva, a pouco e pouco tem apodrecido.
-Mas o que está ao pé, do outro lado,
                 bem abrigado
                 e protegido,
quase se encontra no mesmo estado.
- É porque, estando ao outro quási unido,
o companheiro o tem contaminado.
Por isso podes tu avaliar
              quanto as más companhias
              podem prejudicar.
Evita quanto puderes
andar em más companhias;
procura as boas se queres                                                           
ter suaves alegrias.
                                            João Rodrigues   (Alegria)
27
Jan07

HINO À MINHA TERRA

Alegria
       HINO À MINHA TERRA
               SEZURES
Sezures, terra de encanto
Cheia de virtudes e explendor
Por isso te quero tanto
Que te dou o meu amor.
     Oh! Senhora da Graça Padroeira
     Desta freguesia sem rival
     És a mãe mais verdadeira
     Da minha terra natal.
Óh! fontanário das duas bicas
Com a água tão fresquinha
Sempre a correr, a correr
Seja dia ou à noitinha.
     Óh! freguesia nobre e altiva
     Que na tua imensa vastidão
     Tens contigo outros povos
      Que te enchem o coração.
Da quinta do Valamoso
Dos Valdonaires ao Rio Dão
O Boco com o Santo António
A campina com o São João.
      Da Quinta da Ponte à Vacaria
      E a sua nova Capelinha
      A brilhar no meio da serra
      Com a sua Nobre Santinha.
"Sezures " forte e audaz
Com tua gente hospitaleira
Terra de "Amor e de Paz"
És uma aldeia da "Beira".
                           
    João Rodrigues    (um Sezurense)
(Nota: Repeti esta publicação porque na primeira houve um pequeno deslize
de alinhamento e pelo sucedido peço desculpa.)
                              
24
Jan07

PÁGINAS DA VIDA

Alegria

       

                         QUEM SOU EU?  Episódio nº.12
       Fins de Setembro de 1966; guia de marcha na mão, roupa na já referida "mala de cartão"e, lá vou eu mais uma vez para a estação do comboio afim de tomar novo itenerário, desta vez o destino foi Tomar; - Regimento de Infantaria nº. 15 .
        Viagem feita, chegada à estação, vai de palmilhar uns quilómetros até ao quartel, pois o dito ficava fora da cidade; cheguei então ao local que iria ser a minha casa por alguns meses; apresentação feita, novo ambiente, novos companheiros de luta e novo ambiente de trabalho, pois a partir desta data a vida era outra; das 9 Horas da manhã até às 17 Horas  sempre agarrado à uma velha máquina de escrever e com o chorudo ordenado (o chamado "Pré" ) de 30$00 que deduzindo os descontos, sim porque os militares também faziam descontos ($50) recebia liquídos 29$50; foram assim os meses até que, sem ter direito a uns diazitos de licença resolvi abrir os olhos e partir para outra; era final de Março de 1967 resolvi ir adido  (emprestado) para o Quartel General da 2ª. Divisão em Santa Margarida, mais conhecido por "Campo Militar de Santa Margarida".
       Aí passei bons momentos: quartel pequeno, pouca gente, boa camaradagem, enfim éramos como uma familia; pasados 3 meses tive finalmente direito a uns dias de licença, " um mês de licença com viagens pagas para a minha santa terrinha ida e volta"
até parecia um felizardo a quem tinha saido a sorte grande; mas era assim, como éramos poucos, então todos os meses vinham  uns tantos de licença e nesses eram incluidos 2 com viagens pagas o que me aconteceu a mim duas vezes durantea minha estadia de vinte e seis meses e meio que lá estive a prestar serviço, mas tive mais vezes licença porque lá era de três em três meses vinhamos um mês de licença.
                                                        (CONTINUA)
19
Jan07

POESIA

Alegria

                A VIDA      

A vida é um livro                                          Pois quando o verão acaba
Que alguém nos pôs à frente                        E o outono se aproxima
Para folhearmos diariamente                        A nossa vida vai mudando
Nas horas que vamos vivendo,                       E de vez em quando
E assim irmos percorrendo                            A chuva cai no nosso dia
Dela as diversas estações                              E vai pôr na nossa alegria
Que os nossos corações                                 As nuvens da tristeza
Estão obrigados a viver                                  E até a nossa mesa
Enquanto o coração bater                               Fica mais cruel e fria
Vamos caminhando hora a hora                       É este mundo em transição
Na primavera da vida                                      Que obriga o nosso coração
Onde tudo são rosas e alegria                         A este sofrimento feroz
Até que virá um dia                                         Que sendo pais e avós
O verão da nossa mocidade                             A vida por vezes atraiçoa
Temos então nessa idade                                 E sem ter gente boa
O brilho e o fulgor                                          Que os acarinhe e conforte
Toda a alegria e amor                                      Ao sentirem chegar o outono
Que a vida nos pode dar                                   Vivem então o abandono
Nem pensamos na falsidade                              Daqueles que amaram na vida
Que este mundo de maldade                              E por quem tanto lutaram
Nos irá dar um dia                                            E que agora fica esquecida.
 
                                          João Rodrigues    (Alegria)       
17
Jan07

PÁGINAS DA VIDA

Alegria

 

                       QUEM SOU EU ?     Episódio nº 11   
          Junho - fins de Junho de 1966; está na altura de seguir para outra fase da minha vida; - destino - Regimento de Artilharia Nº. 4 - Leiria: guia de marcha na mão roupa na mala, a chamada "mala de cartão" tão usada nesse tempo e lá vou eu mais outros companheiros  a caminho do comboio e em seguida lá chega a partida para a viagem que nos levaria ao próximo destino.
          Chegados a Leiria, lá encontramos o repectivo Quartel onde fiquei alojado por mais algum tempo.
           Quartel pequeno mas com uma vista maravilhosa sobre a Cidade do rio Liz, que daria para inspirar poetas se alí os houvesse, achei  um lugar pacato e com uma certa paz onde nos agrada viver.
            Apresentação no quartel, novos aposentos, novo número me foi atribuido, desta vez o número "999", número um pouco esquisito mas foi o que me calhou e aí não há nada a fazer, é ficar com ele e cara alegre.
            Novas armas, novos oficiais, novos companheiros, nova instrução, nova aprendizagem, foi o romper de uma nova aurora na minha vida; ali aprendi a utilizar uma máquina de escrever pela primeira vez, e, digo-vos que até nem me saí mal porque quando passados três meses acabei o curso de Escriturário, consegui numa escala de 0 a 13, tirar 12,8 valores, o que mais tarde me valeu não ter sido mobilizado e ter que bater com os costados no então Ultramar donde toda a gente fugia naquele tempo.
            E assim cheguei ao fim do curso e tornei-me um soldado "pronto", assim se denominava um soldado depois de fazer a recruta e a especialidade.
            Fiquei então pronto e à espera de novo destino, sim porque alí não podia ficar uma vez que aquele quartel era só para se tirar a especialidade e a partir dali  teria que ir para outro lado.
                                                          (CONTINUA)
12
Jan07

POESIA

Alegria
                SOLIDÃO
 
Mergulhado na solidão
    Está o meu pobre coração            
Por te amar tão cegamente
   É por ti, bem podes crer
Que ele bate até eu morrer
   Até parar para sempre.
 
Vagueando pelas ruas desertas    
    Como um simples sopro de vento 
Andarei à tua procura   
    E simplesmente para te ver   
Mesmo sabendo que vou sofrer
    Depois com essa loucura. 
 
A minha vida feita em pedaços
    Sem o calor dos teus braços
Que pode ela valer?
     Se sem ti o meu viver   
É uma constante melancolia
    Um coraçao retalhado
Por um punhal de lâmina fria
    Minha vida sem rumo
É como que desfeita em fumo
    A minha felicidade
Onde o barco dos meus sonhos
    Se vai debatendo nas ondas
Escarpadas da realidade.  
 
    Somos duas sombras
Fantasmas da desilusão
    Para quem o coração
Já não tem valor algum
    Coração desiludido
E entre espinhos metido     
    Coração sem rumo nenhum.       
 
 
                                 João Rodrigues     (Alegria)  
11
Jan07

PÁGINAS DA VIDA

Alegria

                   QUEM SOU EU?      Episódio Nº. 10
           Ainda 1966: - Os dias passam, as semanas vão rolando e a instrução continua, aos Sábados há autorização para se ir á terra natal mas é complicado pois a barba tem que ser bem feita, as botas têm que ir bem luzidias e o militar tem que sair do Quartel com aprumo  porque se assim não fôr não recebe a respectiva autorização para sair.
           E então lá vou eu até à santa terrinha matar as saudades dos familiares para na Segunda Feira voltar ao mesmo ambiente.
           Chegou então o fim de Junho; é tempo de jurar Bandeira e chegou o dia para esse efeito; toda a gente na parada, vestidos com o fato de gala para podermos dizer aquelas frases que os nossos superiores nos tinham ensinado:
           - Juro defender a Pátria até à ultima gota de sangue, (Mentirosos) juro mais uma série de aldrabices que eles nos mandaram dizer e que a gente tinha que respeitar pois era esse o nosso dever, - sim era isso que eles diziam, (O nosso dever).
            Finda esta primeira parte chegou a altura de sabermos o que ia acontecer na fase seguinte, ou seja tirar a especialidade, ou seja tirar o curso para o qual as nossas capacidades seriam as ideais. - Foi então que eu com a minha 4ª. Classe do Ensino Primário, fui escolhido para frequentar um curso de Escriturário, ou seja fazer um curso de Dactilografia.
             Foi então que chegou a altura de dizer adeus ao "Papa Chouriços", sim porque eu ainda não vos tinha dito: - A gente chamava "Papa Chouriços" ao Quartel por estar perto da santa terrinha e daí a gente aos fins de semana ir lá buscar um farnelzito no qual se incluia um bocado de presunto e uns chouriçitos, daí o nome escolhido para o respectivo quartel, que assim deixava de ser o Regimento de Infantaria nº. 14 para passar a ter o cognome de "Papa Chouriços".  - Também nunca soube que tinha sido o Habilidoso que se tinha lembrado de pôr um nome destes a um quartel militar com o gabarito que aquele tinha, mas enfim são coisas que a vida nos trás e que nós temos que aceitar.
                                                                          (CONTINUA)
05
Jan07

POESIA

Alegria
                    SAUDADE
Saudade é sonho que treme
Saudade é canto que chora
É como um beijo que geme
Como um ai que se evapora.
           Saudade é gozo que doi
            É pranto que na alma rola
            É doçura que nos roi  
           Tristeza que nos consola .
Não houve ninguém ainda
Que soubesse definir
O que é essa tristeza infinda
Que às vezes nos faz sorrir.
            Saudade é como que amar
             Alguém que foge de nós
              É como querer cantar
              E prender-se-nos  a voz.
É ter o coração cheio
De espinhos e desejos
É sentir dentro do peito
Um punhal que nos dá beijos.
              É dormir sem saber onde
               Chorar sem saber porquê
               Chamar quem não nos responde 
                Abraçar quem não nos vê.                  
                                                                
   
                                 João Rodrigues    (Alegria)
03
Jan07

PÁGINA DA VIDA

Alegria
                 QUEM SOU EU?   Episódio Nº. 9
      Maio de 1966:  - Começou então a minha vida militar: - Seis horas e trinta minutos, hora de saltar da cama e preparar para o novo dia; barba feita e todo o mais serviço de higiene concluido para darmos inicio a mais um dia de tropa; às sete vamos tomar o pequeno almoço; forma-se na parada para se dar os bons dias e ver se alguém ficou ou não na cama e daí vamos para o refeitório afim de revitalizar o nosso corpo; um pão com algo lá dentro e o respectivo copo de aluminio com o café que, mais parecia água de lavar as castanhas que outra coisa.
        Ás oito horas começa o trabalho; toda a gente para a parada e entrar na formatura afim de ser feita a chamada para constatar se algum ficou por aí a tentar esquivar-se ao assunto.
         É então apresentada a ordem de trabalhos para que cada um tenha algo que fazer:  Tu aí, vais para o refeitório descascar batatas, tu aí vais varrer a parada, e tu ai ó 39 vais fazer limpeza à caserna; os outros vêm comigo, dizia o Alferes que comandava o pelotão, vamos para a instrução, agora vamos correr, depois vamos saltar e por aí andáva-mos até que ele entendesse que era necessário, depois dizia ele com aquela cara de safado que a tropa lhe implantara, vão mudar de roupa e daquí a dez minutos quero-os aqui na formatura; lá continuavamos nós na corrida do costume, da parada para a caserna e da caserna para a parada.
         Outros dias, outras lutas, e um dia quando ainda todos estavam arrumadinhos na formatura eis, que, o respectivo Alferes se lembrou de uma coisa engraçada;             , sabem que ele às vezes tinha destas coisas:
          Quem é que sabe andar de bicicleta? Perguntou ele em voz alta; e logo a seguir disse com aquela voz descarada: dê dois passos em frente; e qual não foi o meu espanto só eu e mais três ficamos para trás, sim porque nós não sabiamos andar de bicicleta, uma vergonha digo-vos isto, mas enfim era a vida, eu não tinha bicicleta nem tão pouco tempo para andar nela e por iso não tinha que me envegonhar de não ter tais conhecimentos, mas o safado do Alferes com ar de desdém virou-se para nós os quatro e disse-nos: vocês saim daí e vão para a caserna e, os outros vêm comigo em passo de corrida que eu vou arranjar bicicletas para todos; e, qual não foi o nosso espanto ao vermos daí a poucos minutos todos os outros, não a andar de bicicleta mas sim a trazer cadeiras e mesas do edificio do Comando para a parada para serem carregadas numa camioneta que alí se encontrava; ora aprendí ali, naquele momento uma agradável lição que me deixou perplexo e pronto para futuros convites desse género. 
                                                                                                                  
                                                                          (CONTINUA)

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