Momento de Poesia
No centro de círculos
E nuvens de fumo,
Um deus me presumo,
Um deus sobre o altar.
Nem doutros turíbulos
Me apraz tanto o incenso,
Como o deste imenso
Cachimbo exemplar!
Em divãs magnificos
De seda e veludo
Repousa sisudo
O ardente Sultão.
Fumando, inebria-se
E esquece odaliscas,
E os beijos, faíscas
De amor e o Alcorão.
De longe, oh! longe o ópio,
Que sonhos deleita
Da mísera seita
Dos Theriachis.
Horror ao narcótico,
Que vem das papoulas,
E ao que arde em caçoulas
No arém dos Alis.
Que a África tórrida
De areias candentes
Consuma sementes
Do arábio café.
Bebido nas chávenas
De índia e porcelana
A negra tizana
Veneno me é.
E a folha asiática
Delícias da China,
Por nossa má sina
Trazida p´ra cá?
Sorvida em familia,
Em morno hidro-infuso!
Anátema ao uso
Das folhas de chá!
(Continua)
Julio Dinis (Serões da Província)